Ao longo do tempo, uma série de pessoas têm tido uma remuneração acima da média da grande maioria dos trabalhadores comuns, por exemplo, grandes atletas, atores, executivos, etc. Porém, nos últimos anos as pessoas que se destacam em profissões de grande apelo popular têm recebido salários cada vez maiores, consequentemente, se afastando ainda mais dos trabalhadores normais.
Não é raro ouvirmos notícias de jogadores de basquete da NBA que faturam mais de 30 milhões de dólares por ano, atores que recebem 20 milhões de dólares para trabalhar em um único filme, isso, sem falar nos jogadores de futebol, corredores de Fórmula 1, entre outros.
O que torna o caso destes profissionais interessante, é que eles são remunerados exclusivamente por seu talento individual e o potencial de mobilização de massa que eles representam, ou seja, eles não são grandes empresários e nem produtores de bens de consumo.
É interessante observarmos, que outros tipos de profissionais de ponta que vendem exclusivamente o seu talento e que contribuem de maneira muito mais concreta para o desenvolvimento da sociedade como, por exemplo, um cientista que pesquisa novas drogas e tratamentos medicinais, um executivo que sem ser acionista comanda uma grande empresa, normalmente têm rendimentos muito inferiores aos profissionais citados acima.
O que é diferente no segundo caso, é que estes profissionais não têm influência direta no comportamento da população, enquanto no primeiro caso a influência é imediata e certeira.
Ainda podemos verificar que o valor faturado por um esportista ou ator em um único ano é muito maior do que a grande maioria dos trabalhadores, mesmo aqueles bem qualificados, recebem em toda sua vida produtiva.
É claro que os empresários do esporte ou das artes cênicas não são malucos nem, muito menos, jogam dinheiro pela janela. Se eles gastam 150 milhões para fazer um filme, boa parte disso com o salário dos grandes atores, é claro que a intenção deles é faturar muito mais. E os atores que mobilizam multidões tem um papel importante na hora de garantir o sucesso do empreendimento.
O que eu questiono é a inversão de valores que está ocorrendo na nossa sociedade, onde um jogador de basquete, por melhor que seja, a única coisa que faz é jogar uma bola dentro de uma cesta e ele, pelos padrões estabelecidos, vale muito mais que um cientista que dedica toda sua vida a pesquisas que podem efetivamente tornar o mundo melhor e influênciar a vida das pessoas de forma muito mais permanente.
A responsabilidade desta distorção é, antes de tudo nossa, que corremos para a fila do cinema assim que é lançada uma nova mega-produção de Hollywood ou que nos dispomos a pagar pequenas fortunas para assistir a final de um campeonato no estádio.
Resta saber, até quando a sociedade vai aceitar este esquema de valorização do trabalho, onde o supérfluo vale cada vez mais e o trabalho sério e responsável está se estagnando ao longo dos anos. Considerando ainda, que pessoas que não tem condições mínimas de saúde, educação, alimentação e moradia contribuem de maneira decisiva para sustentar as grandes estrelas.
É impossível prever o futuro, porém, já se pode notar que algumas pessoas começam a questionar estes valores, tenho certeza que dentro de algum tempo começarão a surgir movimentos sociais mais concretos com o objetivo de tentar equilibrar a balança de valores de uma forma um pouco mais justa.
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