Normalmente, se considera que as empresas estatais têm a produtividade mais baixa que a das empresas privadas. Em geral, este sentimento está correto, apesar de existirem exceções tanto do lado das estatais quanto do lado das privadas, na maioria das vezes, realmente as empresas estatais são menos eficientes.
A questão é saber os motivos pelos quais as empresas estatais são menos produtivas. Não basta simplesmente colocar a culpa sobre os funcionários, dizendo que eles são acomodados e não estão preocupados com os resultados da empresa, pois, em geral, eles não são mandados embora. Este certamente é um dos fatores, mas, com certeza não é o único.
A empresa estatal sofre muito em função das restrições da legislação. Com razão, para evitar o mau uso do dinheiro público, a legislação engessa muito a forma da estatal trabalhar. Até para comprar café para os funcionários, é necessário fazer licitação. Imagina então, para contratar fornecedores e realizar terceirizações. Principalmente quando os valores dos contratos são elevados, um processo de licitação pode se arrastar por meses.
Outra restrição da empresa estatal, é que a princípio ela só pode contratar mão-de-obra através de concursos públicos e, certamente, esta não é a maneira mais correta de se fazer um recrutamento. Muitas vezes, a empresa contrata um funcionário que sabe bem a teoria, pois, passou na prova, mas, não consegue aplicar este conhecimento na prática. Outras vezes, o funcionário não tem o perfil mais adequado para a vaga, mas, inicialmente a empresa é obrigada a aceita-lo, afinal, ele passou pelo processo seletivo e é necessário um desempenho claramente abaixo da expectativa para eliminá-lo no período de experiência. Isso obriga as empresas a investirem muito em treinamento para deixar os novos funcionários em condições de exercer suas atividades de maneira mais eficiente.
A empresa estatal sofre ainda com a descontinuidade administrativa. Como geralmente ela está vinculada a um governo, sempre que há troca de comando no mesmo, o comando da empresa também é trocado. Assim, se invertem as prioridades e as metas estabelecidas anteriormente.
Resta saber qual é a solução. Privatizar pode ser uma boa opção em alguns casos. Não faz sentido o governo atuar em atividades que não sejam voltadas às suas atribuições sociais, tais como, telecomunicações, mineração e siderurgia. As empresas destes setores, que foram privatizadas, estão muito mais produtivas e rentáveis administradas pela iniciativa privada.
Mas existem outros setores onde eu considero importante que haja uma participação efetiva do governo, tais como, saneamento, energia e saúde, pois, são setores onde o componente social é muito forte e não é interessante deixá-los a mercê de empresas que estão interessadas exclusivamente no resultado financeiro.
Para as empresas que permanecerem sob administração do governo, caberá aos seus gestores e, principalmente, aos funcionários de médio e baixo escalão, trabalhar para que a empresa seja o mais produtiva possível dentro dos limites que lhe são impostos.
Eu digo que cabe principalmente ao médio e baixo escalão, pois, esta é a parte da empresa que normalmente tem continuidade. O alto escalão geralmente tem um componente político muito forte e é trocado a cada governo. Portanto, quem "segura as pontas" e pode fazer com que a empresa dê sequência no seu planejamento e foque em seus valores, são os funcionários de carreira que passam pelas diversas administrações políticas.
Pois, só sendo eficientes, produtivas, prestando um serviço de qualidade e cumprindo seu papel social, será possível defender o papel das empresas estatais junto a sociedade.
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