terça-feira, 20 de outubro de 2009

A Telerj se espalha pelo país usando a marca Oi

Uma breve história da privatização das telecomunicações no Brasil e de como a Oi vem monopolizando o mercado com qualidade equivalente a que era oferecida pela Telerj.

No início dos tempos

Até 1998, quando foram privatizadas as empresas de telecomunicação brasileiras, havia basicamente uma empresa estatal controlada pelo governo federal que atendia cada unidade da federação. Havia ainda a Embratel que cuidava de comunicações via satélite e das redes que integravam os diversos estados. Todas estas empresas eram agrupadas por outra estatal federal, a Telebrás, que definia as diretrizes gerais das telecomunicações em todo o país.

Nessa época, o forte eram as linhas telefônicas fixas. Banda larga praticamente não existia, seja no Brasil ou no exterior e os telefones móveis estavam apenas começando a se popularizar.

O grande problema dessas estatais era a dificuldade que elas tinham de expandir a rede de telefonia. Quem quisesse uma linha de telefone tinha duas opções: ou entrava em uma fila demorada na única empresa que atendia o seu estado ou comprava uma linha no mercado “paralelo” que podia custar facilmente US$ 2000,00. Existiam empresas que viviam basicamente de comprar e vender linhas telefônicas, assim como se faz hoje com automóveis usados. Havia ainda o conceito de alugar linha telefônica, quem possuía uma linha cobrava um aluguel mensal para repassar o direito de uso para quem precisava do telefone.

Vale ressaltar que esta não era uma situação exclusiva do Brasil, naquela época, telefone era realmente um bem mais caro e vários países passavam por situação semelhante, assim como o automóvel e a televisão um dia foram privilégio de poucos.

Apesar dessa escassez de linhas, algumas das empresas prestadoras do serviço de telecomunicações eram referência em termos de capacidade técnica e de atendimento ao público. Como exemplo, podemos citar a Telepar (que atendia o Paraná), a Telemig (que atendia Minas Gerais), a Teleceará (que atendia o Ceará) e a Telebahia (que atendia a Bahia). Várias dessas empresas possuíam departamentos de pesquisa que desenvolviam tecnologia nacional de ponta.

Porém, havia também o outro lado da moeda, existiam empresas que eram pessimamente administradas, serviam de cabide de empregos e prestavam um serviço de péssima qualidade. A empresa mais emblemática do péssimo serviço estatal, reconhecida tanto pelos usuários quanto pela comunidade de telecomunicações era a famigerada Telerj, que atendia o estado do Rio de Janeiro.

E fez-se a luz

Quando o governo federal resolveu privatizar o sistema Telebrás, ele dividiu cada uma das empresas estaduais em duas: uma ficou com as linhas fixas e a outra com as linhas de celular, por exemplo, a Telesp, que atendia o estado de São Paulo, foi dividida em Telesp e Telesp Celular. Depois, o governo agrupou as empresas de celular em oito blocos, as empresas de fixo em três e a Embratel como outro bloco, para efetuar a venda de blocos mais robustos.

As empresas de telefonia fixa ficaram divididas da seguinte forma: um bloco era composto pelo estado de São Paulo sozinho, um segundo bloco pelas empresas que atendiam os estados do sul, centro-oeste e parte do norte que ficou conhecido como Tele Centro-Sul e um terceiro bloco composto pelas empresas que atendiam os demais estados do Sudeste, o Nordeste e grande parte do Norte, este terceiro bloco foi chamado de Tele Norte-Leste, mas, o falecido ministro das comunicações Sérgio Motta, que estava comandando o processo de privatização, apelidou este bloco de Telemar, já que, boa parte dos estados que o compunham eram litorâneos. Percebam que a Telerj estava inserida justamente neste bloco.

Quando se preparou o leilão de privatização, o governo FHC tinha a expectativa que grandes empresas internacionais de telecomunicação viessem a adquirir os blocos montados. E isto de certa forma realmente ocorreu. Porém, ao analisar os principais candidatos que se credenciaram para o leilão, o governo percebeu que as empresas de celular estavam atraindo mais atenção, enquanto as empresas de telefonia fixa iam ficando em segundo plano. Seja por que seu preço era mais alto ou porque todo mundo apostava que a tecnologia móvel era o caminho mais promissor para o futuro.

Assim, o governo ficou com receio que algum bloco de telefonia fixa ficasse sem comprador, o que seria considerado um fracasso do modelo de venda criado pelo governo. Para evitar este risco, o governo resolveu patrocinar um grupo de empresários brasileiros que estavam interessados em participar do leilão, mas não tinham um centavo sequer de capital e nem a mínima ligação com a área de telecomunicações. Este grupo era formado pela Construtora Andrade Gutierrez, cuja experiência era executar obras exclusivamente para o governo e pela família Jereissati, que tinha atuação basicamente na área imobiliária e de moinho. O grupo era tão estapafúrdio, que foi apelidado pelo ministro Sérgio Motta de “Tele-Gangue”. Apesar disso, conseguiu um gordo financiamento do BNDES para ter algum capital para participar do leilão e ainda conseguiram que entrassem como sócias no consórcio várias empresas estatais, tais como, Brasilcap, BB Seguros, além de fundos de pensão de empresas estatais e do próprio BNDES.

Ao acontecer o leilão as expectativas iniciais se confirmaram e a Tele Norte-Leste acabou caindo no colo da “Tele-Gangue”. Que conseguiu comprar uma das maiores empresas do país sem colocar dinheiro do próprio bolso, sem ter tradição na área e tendo o governo como um sócio com grande participação, porém, totalmente passivo, pois não interferia em nenhuma decisão da empresa. Ou seja, todo mundo pensou que esta configuração tinha tudo para dar errado e que rapidamente a empresa seria revendida a um grupo estrangeiro.

Mas o grupo que comprou a empresa e que posteriormente acabou adotando o apelido como marca oficial e passou a chamá-la de Telemar, se apoiou na boa capacidade técnica que existia em algumas empresas do grupo para tocar a empresa. Assim, os principais técnicos da Teleceará, Telebahia e Telemig assumiram a responsabilidade de levar a nova empresa em frente. O principal desafio deste grupo no primeiro momento era reconstruir o serviço de telecomunicações no estado do Rio de Janeiro.

Com um trabalho abnegado foi possível apagar os rastros da Telerj, unir 16 empresas independentes sobre uma mesma marca e cumprir as metas que o governo tinha estabelecido para as empresas que ganhassem o leilão.

Em pouco tempo não existiam mais filas para se conseguir uma linha de telefone e o mercado paralelo de linhas foi extinto por inanição. Ou seja, a “Tele-Gangue” conseguiu operar a empresa e torná-la estável e rentável graças, em boa parte, aos técnicos oriundos das melhores estatais que compunham o grupo.

Mas fomos expulsos do paraíso

Devido a pressões políticas, a sede da nova empresa ficou no Rio de Janeiro. Ou seja, o local onde ficava a pior empresa do grupo foi premiado com a sede da empresa, pois o governo federal sempre se preocupou em arrumar formas de tirar o Rio da decadência que vem sofrendo desde que deixou de ser capital da república.

Com o passar do tempo, a empresa resolveu entrar em outras áreas relacionadas à sua atuação principal: telefonia celular (com a marca Oi), serviços de call center (através da Contax), internet (com o provedor Oi), TV a cabo (com a aquisição da Way TV, renomeada para Oi TV), operação de satélites (Hispamar), prestação de serviços de TI (com a Todo BPO), radiodifusão (Oi FM), crédito (Oi Paggo), etc.

Posteriormente, a marca Telemar foi extinta, a marca Oi foi adotada para todos os serviços de telecomunicação do grupo e a gestão foi unificada.

Como o grupo controlador da Oi, há muito tempo está acostumado a viver entranhado na máquina pública, conseguiu o feito de mudar a legislação para permitir a aquisição de outra empresa de telefonia fixa, sendo que, o que se alegou à época da privatização, era que a separação em blocos era justamente para permitir a concorrência. Não se sabe até que ponto, o fato da Oi ter investido pesadamente na empresa Gamecorp, do filho do presidente Lula, ajudou na boa vontade demonstrada pelo governo em ajudar a mudar a lei.

Assim, o grupo Oi acabou comprando a Brasil Telecom (novamente com poucos recursos próprios, farto financiamento do BNDES e envolvimento dos fundos de pensão das estatais e das coligadas do Banco do Brasil) e, com a aquisição de uma concessão para explorar celular em São Paulo, a Oi passou a atuar em todo o território brasileiro.

Ou seja, saímos de um monopólio estatal no século passado, para um virtual monopólio privado na atualidade.

Outro problema, é que a empresa deixou de ser apenas uma empresa de telecomunicações e passou a ser uma empresa de serviços. Ou seja, deixou de se preocupar com os aspectos técnicos do negócio e passou a se preocupar apenas com vendas e receita.

Quase nenhum dos técnicos oriundos das antigas empresas estatais continua na empresa. A Oi terceirizou tudo que podia e também o que não podia. Não existe nenhum departamento de pesquisa e desenvolvimento. As áreas de engenharia e TI hoje se limitam a supervisionar o trabalho feito pelas empresas contratadas. Os funcionários da própria empresa hoje estão concentrados basicamente nas áreas de marketing, vendas e gestão.

Para fins de comparação, a Oi e a Brasil Telecom juntas tem pouco mais de 15 mil funcionários (excetuando o pessoal de call center que ainda resta na Brasil Telecom, pois, em breve serão terceirizados também), enquanto a France Telecom, que atende um país bem menor que o Brasil e cujos funcionários estão suicidando às pencas devido à pressão que vêm sofrendo, tem mais de 100 mil funcionários.

O reflexo disso tudo aparece diretamente na qualidade do serviço prestado. A coisa mais difícil de encontrar hoje é um cliente da Oi satisfeito.

Ou seja, todo o esforço que foi feito para montar uma empresa e resolver os problemas da Telerj, foram abandonados em nome exclusivamente da rentabilidade financeira. Assim, estamos assistindo passo-a-passo a Telerjização do país inteiro sob uma nova marca: Oi.

Será que há salvação?

Por parte do governo, a responsabilidade de regular e fiscalizar a atuação das empresas de telecomunicações é da Anatel. Porém, ela está longe de cumprir este papel. Ela funciona muito mais como porta-voz das empresas, defendendo os seus direitos e deixando de lado os seus deveres. Tem uma relação promíscua com as operadoras, aplicando punições de fachada, apenas para dar a impressão que está cumprindo o seu dever.

O que resta então para nós consumidores: exclusivamente botar a boca no trombone e reclamar os nossos direitos. Ir aos tribunais, se necessário, para obrigar essas empresas que só vêem cifrões a agir com mais ética.

Ou seja, somente nós mesmos poderemos nos salvar, porque, se dependermos de alguma iniciativa governamental ou das leis de mercado, realmente, estamos com poucas perspectivas.

quinta-feira, 1 de outubro de 2009

Site para consultar a qual operadora telefônica pertence um número

Com a portabilidade numérica, está cada vez mais difícil saber a qual operadora de telefonia pertence um determinado número de telefone.

Para ajudar nesta tarefa, existe um site que permite consultar, a partir de um número de telefone, qual é a operadora do mesmo:

http://consultanumero.abr.net.br:8080/consultanumero/