quinta-feira, 26 de fevereiro de 2009

Os tipos de eventos empresariais

No mundo empresarial, eventualmente nós recebemos convites para participar dos mais diversos tipos de eventos: conferências, seminários, convenções, etc. Porém, nem sempre nós sabemos exatamente o que encontraremos em cada um deles. Na verdade, a maioria dos profissionais não sabe diferenciar um simpósio de um fórum ou de um workshop. Por isso, eu preparei uma pequena lista para caracterizar os objetivos e a formatação de cada uma das modalidades mais comuns de eventos:

Briefing

Consiste em uma exposição oral de um profissional de renome para participantes que possuem conhecimento prévio do assunto a ser debatido. É um produto informativo, mais focado que, normalmente, acompanha uma conferência. Existem dois tipos de briefing: introdutório e avançado. O primeiro, procura oferecer aos participantes a informação necessária para acompanhar as discussões a serem desenvolvidas em uma conferência correlata. Já o segundo, dá um aprofundamento sobre determinado assunto que já foi objeto de discussão em uma conferência correlata.

Conferência

Consiste sempre em duas partes: o auditório e os expositores. Os expositores normalmente são especialistas em determinado assunto e discorrem sobre o mesmo. Ao final deste período, respondem a perguntas formuladas pelo auditório. A conferência visa a um público específico que demonstra familiaridade com o assunto abordado. Segundo as empresas organizadoras, é um serviço que dá ao mercado informações gerenciais, práticas e focadas para executivos. Dos produtos informativos interativos é o mais complexo e o que oferece melhor relação custo-benefício. Além de oferecer aos participantes a absorção de informação prática, dá também a oportunidade de realizar contatos e negócios, além de trocar experiências com os demais participantes, uma vez que o público de conferências tem bastante familiaridade com o tema abordado.

Congresso

É um conjunto de atividades, normalmente promovido por entidades associativas, visando ao debate de assuntos que interessem a um determinado segmento, possui um tema geral, que é exposto em subtemas e apresentado sob diferentes formatos, tais como mesas-redondas, conferências, simpósios, palestras, comissões, painéis, cursos, mostras, exposições, feiras, entre outras. Os congressos podem ser regionais, nacionais ou internacionais. É um produto bastante abrangente, com a participação de públicos com formação diferenciada, porém não muito focado. É interessante para contatos e para se manter informado sobre o que está acontecendo no setor que ele representa. Em geral, há uma discussão aberta entre a platéia e o palestrante. Tudo o que acontece no congresso é, geralmente, gravado e transformado num documento final (anais) entregue aos congressistas após o evento. Há também uma programação social paralela.

É planejado por uma comissão organizadora, que elabora e aprova o regulamento e o regimento. Os congressos apresentam, ainda, comissões técnicas formadas por grupo de estudiosos de um tema, com a finalidade de analisar trabalhos ou debaterem sobre temas, que serão apresentados ao plenário, de acordo com o regimento.

Algumas organizações utilizam o nome de Conferência para eventos organizados com o estilo do Congresso, isto se deve a uma tradução errônea do inglês. Em inglês Congresso é congress, conference, assembly ou ainda reunion.

Convenção

Funciona como um congresso, mas o público é diferente, na convenção há uma ligação maior entre os participantes. É promovida por entidades empresariais ou políticas. Em todas as convenções, busca-se a integração das pessoas pertencentes a uma determinada organização, submetendo-se a certos estímulos coletivos para que possam agir em defesa dos interesses da instituição promotora. Há uma exposição maior de assuntos por várias pessoas com a presença de um coordenador. A dinâmica é escolhida pelo organizador quando a duração é de vários dias. Como as convenções são reuniões fechadas, que têm por objetivo alguma conclusão, as informações são muito específicas e direcionadas ao grupo que participa do evento.

Curso

Consiste no detalhamento de determinado assunto ou conjunto de temas com o foco de "treinar" ou "ensinar a fazer". É composto de exposições de pessoas normalmente com formação acadêmica que procuram passar seu conhecimento aos participantes. O foco está mais na teoria que na prática, porém não a exclui. É indicado para pessoas que têm baixo ou nenhum conhecimento sobre o assunto, com exceção dos cursos de especialização, cujo objetivo é o aperfeiçoamento daqueles que já dominam o assunto.

Debate

É uma discussão entre dois ou mais oradores que defendem opiniões divergentes. Em geral, é uma discussão mais emocional. O público pode ou não participar. Um mediador dita as regras e faz com que os oradores as cumpram.

Fórum

É uma reunião menos formal em que há troca de informações e um livre debate de idéias, com a presença de grandes audiências. Seu objetivo é conseguir a efetiva participação da platéia, sempre numerosa, que deve ser sensibilizada e motivada. O fórum está tendo cada vez mais aceitação por permitir a discussão de problemas mais abrangentes que tratam de assuntos gerais de setores ou de temas de interesse social ou político (Ex: Fórum de Luta contra a AIDS, Fórum Social Mundial).

Os temas, anteriormente pesquisados, são expostos por orador indicado pelos grupos participantes, geralmente entidades representativas de segmentos da sociedade, e apresentados à mesa de trabalho, constituída por autoridades ou especialistas. O evento deve ser coordenado por um moderador, que definirá as regras de apresentação de cada grupo.

Mesa-redonda

É uma reunião do tipo clássico, preparada e conduzida por um coordenador, que funciona como elemento moderador, orientando a discussão para que ela se mantenha sempre em torno do tema principal. Os expositores têm um tempo limitado para apresentar suas idéias e para o debate posterior. Normalmente, a mesa-redonda está inserida em eventos mais abrangentes. É utilizada quando o assunto ainda não está consolidado e suscita discussões. Ideal para quem quer ter visões diferentes sobre um determinado tema.

Painel

Os temas abordados nesse evento não são uniformes. Um exemplo seria um painel sobre a empresa do terceiro milênio com a presença de profissionais de várias áreas para falar sobre mudança no trato com o cliente, condições de trabalho e soluções tecnológicas.

Painel de Debates

Outro tipo de reunião, derivado da mesa-redonda. A diferença é que no painel os expositores debatem entre si o assunto da pauta, cabendo ao público assistente funcionar somente como espectador. Outra distinção: no painel, os debatedores são profissionais e renomados nos meios em que atuam, o que não acontece necessariamente na mesa-redonda. Além do presidente, o painel poderá ter um coordenador e um moderador.

Palestra

Apresentação de curta duração por um especialista em um assunto específico onde a platéia não tem atuação ativa, porém, eventualmente pode incluir a formulação de perguntas pela platéia. Muitas vezes está incluída dentro de outro evento maior.

Seminário

Encontro de especialistas em um assunto específico. Os oradores apresentam um estudo sobre o tema e depois debatem com a platéia, que tem quase o mesmo nível de conhecimento que os palestrantes. O moderador deve ser um especialista e pode participar fazendo perguntas. É uma reunião na qual "semeiam-se" idéias, ou seja, o objetivo não é apresentar resultados de pesquisas, mas suscitar o debate sobre determinados temas, até então pouco estudados. A dinâmica do seminário divide-se em três momentos: a fase de exposição, a de discussão e a de conclusão. Trata-se de um produto informativo mais focado, porém parcial. Como a informação tem normalmente uma única fonte - o orador ou expositor - pode apresentar certo viés.

Simpósio

É um derivado da mesa-redonda, possuindo como característica o fato de ser de alto nível, com a participação de aspectos diferentes de determinados assuntos e sempre com a presença de um coordenador. A reunião é para a discussão de um determinado tema, geralmente científico (uma nova lei, por exemplo). Aqui não são apresentadas as conclusões de uma pesquisa, mas sim impressões sobre um determinado assunto que é colocado em debate. Vários oradores debatem o tema na mesa, muitas vezes com a participação do auditório. Nesse caso, o coordenador não precisa ser um especialista.

Workshop

Tem como objetivo detalhar ou aprofundar um determinado assunto de maneira mais prática. Há discussões de casos práticos e participação intensa do público. Deve ser feito em grupos pequenos, normalmente possui um moderador e um ou dois expositores. A dinâmica da sessão divide-se em duas partes: teórica e prática. A primeira caracteriza-se pela apresentação teórica de um tema e a segunda trata da fase prática, na qual os participantes analisam as informações recebidas. Pode estar atrelado a uma conferência, em que são discutidos outros assuntos relacionados ao tema do workshop.

Fontes: Você S.A., Manager, Nara

quarta-feira, 18 de fevereiro de 2009

SLA - Acordo de Nível de Serviço

Em um post anterior eu falei sobre terceirização do processo de desenvolvimento de software e disse que iria entrar em maiores detalhes sobre Acordo de Nível de Serviço como forma de garantir o sucesso do processo.

De acordo com a Wikipédia, Acordo de Nível de Serviço (ou em inglês, Service Level Agreement - SLA) é um contrato entre um fornecedor de serviços e um cliente, especificando em termos mensuráveis, quais serviços o fornecedor vai prestar. O objetivo principal do SLA é garantir contratualmente, características de qualidade, eficiência e eficácia dos produtos e serviços disponibilizados para os clientes.

Caso o SLA não seja cumprido, o cliente pode, por exemplo, cobrar multa do fornecedor do serviço.

Um contrato de SLA inclui informações sobre: a definição dos serviços, performance, gerenciamento de problemas, responsabilidade de ambas as partes, garantias, medidas emergenciais, planos alternativos, planos para soluções temporárias, relatórios de monitoramento, segurança, confidencialidade e cancelamento do contrato.

O contrato de SLA pode incluir, entre outros termos, especificações para:

  • Disponibilidade. Ex.: durante um ano, o sistema poderá ficar indisponível no máximo 8,7 horas (99,9% de disponibilidade).
  • Incidência de erros. Ex.: o sistema não deverá registrar mais de 1 erro a cada 1.000.000 de operações processadas.
  • Performance. Ex.: o sistema deverá processar a folha de pagamento em no máximo 2 segundos para cada 10 servidores.
  • Tempo: Ex.: as solicitações de manutenção corretiva deverão ser atendidas em até 48 horas.
  • Prioridades e performance. Ex.: solicitações classificadas como "urgente" deverão ser resolvidas em até 8h, solicitações "importantes" serão resolvidas em até 24h, solicitações "rotineiras" serão resolvidas em até 72h.
  • Qualidade: Ex.: cada de caso de uso construído não poderá apresentar mais de 10 erros.
  • Para que a implementação tenha sucesso, um SLA deverá prever penalidades pelo não cumprimento, caso contrário, os indicadores acabam se tornando um número ao qual ninguém dá atenção. Pode haver também um sistema de bônus por performance acima do esperado.

    Em um próximo post, eu vou mostrar um exemplo prático de Acordo de Nível de Serviço para um processo hipotético e simplificado de construção de software terceirizada.

    segunda-feira, 16 de fevereiro de 2009

    Crise nas faculdades particulares

    A partir da década de 90, o número de instituições de ensino superior no Brasil simplesmente explodiu. Abriu uma faculdade em cada esquina, diversos colégios e cursinhos pré-vestibulares passaram a oferecer cursos de graduação. As faculdades já existentes ampliaram suas redes usando qualquer imóvel que encontravam disponíveis, desde fábricas desativadas até ex-concessionárias de automóvel.

    A qualidade, naturalmente, não acompanhou a onda de expansão. Muitas dessas faculdades usam o velho lema "pagou-passou" e a fiscalização do MEC é insignificante.

    Quem sai prejudicado nesta história é o estudante, que se sacrifica para pagar um curso superior e sai com uma formação de baixo nível e com pouco reconhecimento pelo mercado.

    Agora, o processo de seleção natural está começando a entrar em ação e neste início de ano várias notícias de crise nas faculdades particulares começaram a pipocar na imprensa. Em São Paulo e Minas Gerais os professores estão ameaçando entrar em greve devido a atrasos nos pagamentos.

    É natural que depois de uma expansão tão forte, haja uma acomodação no mercado e apenas as instituições melhor adaptadas sobrevivam (já que estamos comemorando os 200 anos de Charles Darwin, por que não aplicar a teoria da evolução no mercado de ensino?).

    O problema todo é o papel do MEC nesse contexto: o governo permitiu a abertura de diversos cursos sem nenhum critério (que o digam os bacharéis em direito que não conseguem nem ao menos passar na prova da OAB); não acompanhou essas instituições para ver a qualidade dos cursos que estavam oferecendo (existe o provão, mas até hoje o seu resultado não foi usado para praticamente nenhuma ação concreta) e nem avaliou a saúde financeira das mesmas; agora que o barco está ameaçando afundar, não dá nenhum tipo de assistência aos alunos que são apenas vítimas do descaso do governo e das respectivas instituições de ensino.

    Se uma instituição dessas falir para valer, será que os seus controladores vão ficar quebrados também? Ou apenas os alunos e funcionários ficarão a ver navios?

    sexta-feira, 6 de fevereiro de 2009

    Construção de software: interna ou terceirizada?

    Hoje existe uma forte tendência das empresas terceirizarem partes do desenvolvimento de software. Algumas empresas terceirizam todo o processo de desenvolvimento e ficam apenas com a gestão. Outras empresas ficam com a elaboração e a implantação e terceirizam a construção. Não confundir isso com a simples terceirização de mão-de-obra, pois, no meu exemplo estão sendo terceirizados os processos e não apenas as pessoas que irão executá-los.

    Anteriormente eu já trabalhei em uma empresa onde todo o processo de desenvolvimento era terceirizado, mas, no momento estou em uma empresa que terceiriza apenas a construção e os testes unitários.

    Mas, apesar de cada vez mais o modelo de processo de desenvolvimento totalmente interno estar sendo abandonado, ainda não existe um consenso se é melhor terceirizar ou construir internamente.

    As vantagens mais evidentes de terceirizar são:

    • Melhora a documentação do software, pois, como o processo de desenvolvimento passa a ser mais formal, torna-se obrigatório registrar cada etapa.
    • Evita a manutenção de equipes inchadas dentro da empresa para atender os picos de demanda.
    • Diminui o investimento constante na qualificação da equipe para absorver as novas tecnologias.
    • Dependendo da forma de contratação, pode permitir a diminuição de custos.
    • A empresa mantém o foco no seu negócio, deixando a tecnologia para quem é do ramo (isto quando o negócio principal da empresa não é TI).

    Já as principais vantagens de desenvolver internamente são:

    • A empresa mantém um controle maior sobre o processo de desenvolvimento e sobre os prazos.
    • A equipe de desenvolvimento é mais qualificada no negócio, pois, se dedica apenas ao cliente interno.
    • A rotatividade de pessoas é menor.

    Existem alguns pontos que são considerados polêmicos:

    • As informações estratégicas podem ficar menos seguras, pois, estarão acessíveis por pessoas de fora da empresa.
    • A empresa pode acabar contratando parceiros que estão pensando apenas no resultado financeiro e para isso abrem mão da qualidade e da qualificação da equipe de desenvolvimento.
    • Possíveis problemas trabalhistas na empresa contratada podem acabar gerando passivo trabalhista na empresa contratante.
    • A burocracia nas relações é muito grande e pode acabar aumentando os prazos de execução.
    • O rodízio das pessoas alocadas na contratante, pode não permitir criar uma cultura associada ao negócio.
    • A empresa pode acabar ficando muito dependente do fornecedor.

    A decisão por terceirizar deve ser muito criteriosa, já que ela pode se tornar tanto um diferencial competitivo, quanto acrescentar novos riscos ao negócio.

    Polêmicas à parte, considerando que a decisão da empresa é terceirizar alguma parte do desenvolvimento de software, além de tomar cuidados básicos: fazer uma seleção criteriosa entre os candidatos a subcontratado, acompanhar o desempenho do subcontratado detectando precocemente sintomas de problemas, planejar e executar os procedimentos de aceitação do produto. Existem dois outros pontos que são fundamentais para que haja sucesso:

    1) Processo

    É necessário que o processo de desenvolvimento esteja muito bem definido, todas as partes envolvidas tenha pleno conhecimento dele e que o mesmo não seja muito pesado, causando atraso nos prazos. Somente com o processo de desenvolvimento bem "azeitado", será possível que duas empresas diferentes trabalhem juntas e o resultado final seja melhor que o de uma empresa trabalhando sozinha.

    2) Acordo de Nível de Serviço

    É necessário existir um acordo de nível de serviço bem definido entre as partes, onde ambas tenham bem claras quais obrigações deverão cumprir, em qual prazo e qual serão as penalidades em caso de não cumprimento. É preciso que se definam indicadores para monitorar o cumprimento do acordo. Se tudo isso não estiver muito entendido pelas partes, o relacionamento se tornará um caos e as discussões sobre quem é o culpado se estenderão indefinidamente.

    Os contratos de nível de serviço devem ser explícitos. Quanto mais detalhados e mensuráveis eles forem, mais fácil será definir o sucesso.

    Posteriormente eu entrarei em mais detalhes sobre acordos de nível de serviço em desenvolvimento de software e darei alguns exemplos.

    terça-feira, 3 de fevereiro de 2009

    Valeu Gurgel

    O empresário João Amaral Gurgel faleceu no dia 30/01/2009 em São Paulo aos 83 anos.

    Ele foi o idealizador da fábrica de automóveis Gurgel, que entre 1969 e 1994 produziu cerca de 40.000 veículos. Entre eles, diversos modelos de utilitários e, o projeto mais ousado, o compacto BR-800. Infelizmente, a empresa acabou falindo.

    A principal marca que o empresário deixa é o fato de ter sido um trabalhador idealista. Ele sonhou com uma indústria nacional de automóveis, mas acabou como tantos outros, sendo derrotado por um país que trata tão mal quem quer produzir.

    Hoje a gente vê a indústria automobilística da Coreia do Sul, que na década de 1970 era até mais atrasada que a brasileira, e imagina a importância que o trabalho de Gurgel poderia ter tido para o Brasil se ele tivesse o mesmo terreno fértil que os coreanos tiveram para se desenvolver. Poderíamos ter espalhado pelo mundo o equivalente da Hyundai-Kia de capital brasileiro.

    Mas a família de Gurgel pode sentir orgulho do homem que se foi, pois, ele é um exemplo a ser seguido por quem deseja um país melhor e menos dependente.

    A história de João Amaral Gurgel precisa ser mais difundida e o seu trabalho mais valorizado.